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2022

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 Meu lema esse ano foi "Seja Gentil". E o ano, em retorno, foi absolutamente brutal.  Foi um ano que fez questao de me desestabilizar e de quebrar muitas expectativas e esperancas. Um ano que ate agora, na sua ultima semana, esta provando sua forca de querer me fazer perder a fe. Um ano que me fez questionar inumeras vezes quem eu sou, minhas escolhas, e especialmente, minha capacidade. 2022, assim como as pessoas que convivi durante ele, nao me alisaram nem por um segundo.  Vieram com forca total pra me bater, e com todas as armas que tinham disponiveis. Aguentei cada vez que apanhei com toda a dignidade que me foi possivel, e tentei, com a mesma forca, aplicar meu lema indiscriminadamente:  Seja gentil, seja gentil, seja gentil.  Seja gentil com os outros.  S eja gentil especialmente com voce,  e seja gentil sempre que puder. Meu lema, por mais dificil que pareca de aplicar, foi a melhor solucao pra todas as pessoas e situacoes que precisavam dele. Foi com gentileza que des

Amor, convivencia, e vivencias.

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Precisamos compreender e apreciar mais os amores que nao sobrevivem a convivencia e nem por isso sao menos amores - ou menos amados. Amo, profundamente, cada um dos meus amigos, mas provavelmente nao conseguiria viver com a maioria deles. Amo, imensamente, alguns membros da minha familia, e tenho certeza que isso se da exatamente porque nao precisamos conviver juntos. Mais que isso, estou certa que a reciproca é verdadeira. A gente é criado pra seguir um roteiro de convivencia obrigatoria e qualquer relacao que nao se encaixe nesse pre-molde ja nos leva automaticamente a questionar a veracidade. Todavia, sera que nao se trata do exato oposto? O nao conviver como prova de amor, como respeitar e zelar tanto um amor que nao se quer "gasta-lo", perde-lo, destrui-lo. Nao me entenda mal, amo os amores de perto tambem. Tenho os meus e os amo igualmente profundo. Esses ainda, nao sao menos amores quando estamos longe, porque, ao contrario do que tendemos a pensar, nao se ama por conv

Unilateral

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      Refere-se como unilateralidade tudo aquilo que  é  dado ou recebido so de um lado:  Acoes, transacoes, relacoes... Uma unica palavra que define tudo aquilo que a gente nao deve querer ou aceitar, pois ate mesmo o universo, em sua grandeza, mantem uma ligacao de reciprocidade com todos os seres que o constituem.       Nao ha um so ser que seja fonte infinita de energia. Nos precisamos, enquanto vida, de recarga biologica, emocional, mental, e espiritual. Aquele(a) que se doa sem nunca receber em troca acaba por esvairir-se, esgotar-se. Nao estranho que a unilateralidade nao so constitue um desequilibrio, como tambem, uma injustica contra a propria natureza universal da lei do retorno. Somos fisicamente destinados a gerar reacoes para as nossas acoes. Espiritualmente guiados a lidarmos com os nossos karmas que, bem ou mal, sao a reciprocidade da existencia para o nosso espirito. Nossos pensamentos geram acoes, nossas acoes geram consequencias que geram outros pesamentos, acoes, con

Cigana

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Eu sou do mundo, sempre fui.    Lembro das inumeras vezes em que a minha mae reclamou que eu nao parava em casa, foi assim desde pequena. Lembro das minhas caminhadas, dos meus passeios. Dos meus impulsos que respondem ao vento quando ele me chama. Lembro das vezes que acharam graca por eu estar sempre andando por ai e de todas as outras em que eu achei graca na vida por me permitir faze-lo.   Lembro de uma frase que sem nunca entender muito bem o motivo, me marca ate hoje, " Os ciganos nao sobrevivem entre quatro paredes."   E nao sabendo se  é  a frase que nao se aplica apenas aos ciganos, ou se a cigana sou eu, tomo como verdade a intencao que essa frase representa. Nao sobrevivo mesmo onde existe demarcacao de territorio que eu posso ocupar. Nao aguento prisao. Nao suporto poda.  Perco o ar se a porta de casa nao estiver aberta para eu ir e vir, mesmo eu querendo estar ali para sempre. Vou quando quero, mas nunca deixo de voltar para onde sinto que pertenco. Sigo

A licao de Fiona.

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Fiona vai deixar este mundo, assim como todos nos iremos tambem, um dia.  So que Fiona tem hora e data marcada. Fiona tem apontamento para deixar de viver, e por mais triste e pesado que isso pareca,  é  a maior prova de amor que o mundo e as pessoas que a rodeiam podem da-la agora. Explico: Nao de hoje, os olhos doces e mania de aconchego de Fiona, escondem uma saude que nunca foi completamente saudavel. Ela  é  feliz, nao ha o que se discutir sobre isso, mas seu corpinho padece desde sempre de umas "convulsoes sem explicacao". Inicialmente, episodios esporadicos de poucos minutos que aconteciam umas poucas vezes no mes. Depois, com o passar dos anos, as crises aconteciam com maior frequencia, seguidas de maior intensidade. Finalmente chegando ao quadro atual, onde as convulsoes de Fiona tem um maior tempo de duracao... um tempo infinitamente maior de duracao. Hoje foi o dia de ir me despedir de Fiona. No fim dessa semana ela sera "colocada para dormi

Anseios postumos.

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E morto tem vontade? Voce deve estar se perguntando. Bom, se voce acreditar que alem do corpo tem uma alma, por certo que sim, morto tem vontade. Tem divida, tem planos... Ou voce acha que o espirito que deixa o corpo, segue tranquilo sem considerar tudo que foi deixado (ou nao completado) em sua estadia na terra? Pois bem. Pandemia daqui, corona de acula, tenho escutado nos ultimos meses o que nao escutei na vida inteira sobre essa tal de morte. Todo mundo achando que vai morrer, e vai mesmo! Nao vai? Mas pode ser amanha, ou daqui a cinquenta anos. Pode ser de "morte morrida", de um acidente terrivel, de um coma de anos, a gente nao sabe, nem vai saber, ate acontecer... Percebe a fluidez? Percebe a incerteza? Percebe o nosso total descontrole sobre essa situacao? Particularmente, nao sei como, quando, ou onde vou morrer. Nem quero. Imagina a loucura na cabeca? A pressao inenarravel e desumana de tentar concertar tudo com data marcada, com tempo certo. Que venha in

2020

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Esse ano que se encerra hoje foi um ano de muita provacao, muita morte, muito trabalho arduo de plantacao de sementes que nem sabemos se, e quando, iremos colher. (Sobre)vivemos 2019 com muita luta, garra e uma fe inabalavel de que amanha vira e sera bem melhor. Estamos prontos e esperancosos para a nova decada que se inicia amanha, mas me permito viver o ultimo cliche de reflexao de fim de ano, para compartilhar com voces a maior licao que esse ano me deu, em uma pequena cronica que conto a seguir: Era um fim de semana de sol, na cidade do sol. Nada de novo sob o sol.  Ouvimos falar sobre um lual que um artista independente faria gratuitamente na beira da praia, e como bons amantes de cultura (e gratuidade) que somos, fomos, em bando, assistir.  O dia estava lindo, o mar estava calmo, e a bencao da brisa leve com cheiro de lar da cidade estava incrivel como sempre. O cantor organizou seus instrumentos e comecou sua apresentacao. Entre classicos nacionais novos e antigos, entr