Cadê eu?
Tenho sentido falta de ser quem as pessoas acham que eu sou.
Essa garota 'só sorrisos' que todo mundo vê em mim, sem problemas, neuroses, sem tempo ruim.
Aquela que vem para fazer sorrir e principalmente, fazer isso sorrindo. Ou quem sabe, o ser humano com o maior espírito esportivo do mundo, que leva tudo na brincadeira, que não se comove, magoa e não se deixa atingir por nada nem ninguém.
Posso ser vez ou outra também, a senhora incansável, detentora da energia do universo sem direito a recarregar. A profissional, parente, amiga, filha, namorada em tempo integral, sem - obviamente - ser a que precisa de férias, mãe, pai, amiga ou namorado em tempo algum... Autossuficiente, assim como na época remota de uma adolescência conturbada.
Quisera eu ser 'desmiolada' como julgam e deixar passar pequenas coisas que me sufocam, me entalam. Quisera poder estar tão 'desencanada' quanto pensam, sem preocupações com passado ou futuro, sem negatividade alguma... Aliás, "senhora positividade" já não tem feito tanto sentido como outrora.
Quisera ter as atitudes que todo mundo acha que eu tenho e manter a fortaleza que - sabe-se lá por que - eu aparento (ou esperam que eu aparente) ser e ter. Tão legal, tão pacional e fácil de lidar, tão adaptável, livre, in dependente.
Sinto falta da minha capacidade de digestão, da minha resiliência e da minha 'cara-de-pau' que, pensando bem, eu nunca tive - não tanto de fato quanto de teoria. De não amargar, de não azedar, não me perder e ser dessa plenitude que muita gente - muita mesma - acha e PRECISA que eu seja. De não ter crescido, principalmente.
Por fim, na falta de tanto não-ser que querem que eu seja, só me sobra a tal da franqueza, ela que me permite expor desde sempre essa saudade esmagadora de coisas que eu absolutamente nunca fui.
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