Sobre eu em antiga vida.

" No entanto são os defeitos dela o que mais me custa aturar. Não sei como abafar meus sentimentos. Não posso estar sempre chamando atenção para o seu desmazelo, suas ironias e sua falta de carinho. Também não posso acreditar que a culpa seja sempre minha.
 Somos diferente em tudo. É natural, portanto, que entremos em choque. Não posso julgar o caráter, eu apenas a vejo como mãe e justamente isso ela não consegue ser para mim. Sou obrigada a ser minha própria mãe. Afastei-me de todos. Eu mesma tomarei o leme da minha vida e mais tarde decidirei onde aportar. Tudo isso veio a tona principalmente por que formei uma imagem dentro da minha cabeça, a imagem do que chamar de mãe, a menor semelhança com a imagem formada.
[...] Quero ver apenas o seu lado bom e procurar em mim mesma o que não encontro nela. Tudo inútil. [...]
 As vezes penso que Deus está me pondo a prova; preciso torna-me boa através dos meus próprios esforços, sem exemplos nem bons conselhos. Assim, no futuro, serei mais forte.
 Quem além de mim mesma lerá essas cartas? Quem me confortará se não eu mesma? Preciso muito de conforto, frequentemente sinto-me fraca e descontente comigo. Minhas deficiências são grandes demais. Eu sei disso e a cada dia procuro melhorar e melhorar.
  A maneira que me tratam é variadíssima [...] não sou mais nenhum bebê ou criança mimada, para que riam do que eu digo ou penso. Tenho meus próprios pontos de vista, planos e ideias. Oh, quanta coisa ferve dentro de mim, enquanto fico deitada na cama, tendo de aturar gente que não suporto e que sempre interpreta mal as minha intenções. [...] Vou prometer-lhe que hei de perseverar apesar de tudo, hei de encontrar o meu próprio caminho e engolir minhas lágrimas. Só desejaria poder ver os resultados e também que, de vez em quando, uma pessoa que gostasse de mim, me animasse e encorajasse.
Não me condene, em vez disso, lembre-se que eu também, muitas vezes, fico a ponto de explodir. "

Anne Frank; o diário.


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