Eternas saudades.

  



Aprendi muito cedo o que é saudade. Aliás, tive que aprender cedo demais o significado dessa palavra tão grande e tão forte para uma menina que na época era tão miúda e frágil. 
   É curioso como essas pancadas da vida tem a capacidade de nos fortalecer nos fragilizando, uma piada pronta e sem graça que deixa um gosto amargo e indigesto, contudo, que nos fortifica como o exercício mais poderoso do mundo e é! A saudade é exercitar o desapego, a falta total de controle sobre quem ou aquilo que amamos. Saudade é exercitar força, capacidade de superação e especialmente, coragem de seguir em frente quando o caminho parece que acabou - fazer um caminho novo, continuar.
    Não conheço gente que literalmente morreu de saudade, alguns animais sim, mas nós não somos tão sentimentalmente evoluídos como eles, no entanto, conheço a mim, que quase morro toda vez que a saudade aperta, toda vez que preciso reabrir a ferida para limpá-la, cuidá-la, tentar de novo e de novo que ela cicatrize - o que talvez nunca aconteça, mas que eu tento com afinco e fé da melhor maneira que me é possível.
  A grande verdade é que essa história de que o tempo cura tudo não passa de um clichê mal pesquisado, uma tentativa frustrada de amenizar uma dor e um vazio incurável. O tempo não cura saudade, isso é uma grande mentira e a gente precisa saber viver com isso, mas ele sabe transformá-la de um sentimento doído em uma sensação preenchedora de ter vivido aquilo ou com aqueles, de reconhecer o privilégio que a finitude da vida tem, pois, se não fosse por tal finitude, jamais tomaríamos consciência de quanto amor guardávamos, nutriamos e usávamos, um amor tão grande e tão forte que muitas vezes consegue ultrapassar a matéria e se perpetuar em lembranças, saudade (boa), exemplos, lições e no sentir propriamente dito.
  Meu coração recebe novas saudades quase que anualmente e quando eu acho de verdade que ele está se tornando incapaz de suportá-las, percebo que ele se expande, se aprimora e revigora, não mais rápido, não de forma melhor, sempre com muita dor, lágrimas e algumas vezes até com revolta, sempre como se fosse a primeira vez, mas nunca sem aprender algo, sem conscientizar-se de que a perda foi apenas material, pois o que importa mesmo fica, transforma e recomeça, sempre!

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