Ontem eu decidi que ele pode me trair.


 E com "pode" eu nao quero dizer que eu permito que ele o faca, na verdade, nunca dependeu de mim dizer o que ele, ser livre, autonomo e consciente, pode ou nao fazer. Digo que decidi que ele pode, porque, so eu sei o quao dificil pode ser essa vida de querer controlar o outro sem ter controle real algum. De achar que pode saber o que, como, quando, onde e o por que de tudo e de todos, quando na verdade, longe da minha companhia, nao sei nem se ele ta respirando. E ele pode me trair e fazer o que quiser e isso nada tem a ver com o que eu decido ou deixo de decidir. Ele pode chegar a dois passos de distancia e decidir mudar de direcao, esbarrar em alguem, descobrir que amor nao foi o que sentiu por mim, mas o que descobriu estar sentindo agora, alias, mesmo ao meu lado, o ar pode simplesmente estar estranho e os poderem e nao poderes mudarem assim de repente, afinal, dessa humanidade, certo mesmo so a morte.

Ontem eu decidi que ele pode me trair, decidi assim, quase que do nada. Juntei la com cra e decidi. Nao foi uma decisao facil, nao foi uma decisao feita por livre e espontanea vontade, mas foi uma constatacao real e necessaria, pois, no que decidi o que ele pode, firmei sem grandes pretensoes, mas com uma verdade inconstestavel, o que eu nao posso. Decidi que no que ele pode fazer algo que me magoe, caso queira, eu nao posso deixar que isso seja maior que meu amor proprio, que meus limites, ou interferir no que eu acredito e quero para mim.

 Ontem eu decidi que  ele pode me ignorar, me substituir ou o que quer que seja que ele decida para ele mesmo, mas eu, eu nao posso, nao quero, nao devo e nao vou... me trair.



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