Maos Calejadas

Eu estava lavando a louça quando meu marido enfiou a mao na água para lavar alguns legumes. Levaram milesimos de segundos para ele tirar a mao dali e me dizer que aquela agua estava quente demais. 
"Como voce aguenta?" ele indagou. 
Dei de ombros e continuei, mas aquilo me fez pensar:

Quanta agua quente a gente teve que mergulhar nessa vida ate deixar de se queimar?
Quanta tolerancia a gente desenvolve para acomodar ao que incomoda?
Quao calejado a gente tem que estar para nao sentir mais a queimadura?
E principalmente, quao focado no nosso objetivo nos estamos, para que o que nos machuca nao nos tire do nosso caminho? Nao nos repila ou acue.

Reparei que as minhas maos ja nao tem aquela pele macia e juvenil de outrora e lembrei, instantaneamente, que aquela agua quente ja me causou uma reacao parecida com a dele, ate eu acostumar. Ate entender que, para a sujeira ir embora mesmo, ela e indispensavel.



A agua nunca deixou de queimar. Na realidade, foi a minha pele que engrossou. 
Uma pele que adaptou-se ao ambiente que a cerca, esteja ele quente, frio, macio, ou aspero.
Porque as circunstancias mudam, elas estao, nao sao, mas a pele e, nao esta. Ela e uma pele vencedora, marcada, experiente. E por falar em experiencia, foi o que me dessensibilizou aos danos que qualquer agua quente passageira possa causar, e assim como tudo na vida, deixou de doer.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Nosso visto K1,

Beijar a flor e provar o fel... ou o mel.

Dois mil e OUSE.