Casos de um acaso bom.

Essa semana Murphy me visitou, e por mais que eu tente ser uma má anfitriã - embora não seja lá minha especialidade ser receptiva - não consigo tratar com má vontade nada nem ninguém que me procure por qualquer motivo que seja. Prefiro acreditar em propósitos que serão futuramente explicados ou acasos que tem razão de ser mesmo que eu não entenda... 

Trato tudo da melhor maneira que posso tratar, seja para bom ou para mal. Me doou como se cada minúscula partícula de universo fosse única - e é - e merecesse toda a minha potencialidade investida.

Tenho amores que me magoam e os amo mesmo assim, por que sei que o amor compensa. Tenho amigos que me decepcionam e devoto-lhes amizade mesmo assim, por que sei que a amizade compensa. Tenho familiares que distorcem sua função - positiva ou negativamente - e mesmo assim exalto os laços sanguíneos, por que sei que ser família compensa...

Com a 'não-sorte' (dizem os supersticiosos que não devemos mencionar aquela outra palavrinha que traduz isso para não atraí-la. E que como o ímã universal não entende a palavra 'não', ele a ignora trazendo só o resto do contexto, neste caso, a sorte.) não poderia ser diferente, logo, dei-lhe espaço 'mesmo assim' por que sabia que haveria compensação após ela.

Pois bem...

Domingo: Murphy chegou logo depois do almoço e pegou meu computador. Fiquei sem internet por dias, estando próxima de semana de provas e trabalhos importantes na faculdade...

Segunda-feira: Murphy continuou me acompanhando e dessa vez resolveu passear de carro comigo na volta da faculdade...Ele pegou meu carro, meu humor e ainda levou parte do meu pouco dinheiro para voltar para casa num taxi, já que foi a única opção.

Terça-feira: Se sentindo em casa e sendo bem-recepcionado na medida do possível, Murphy resolveu me agradecer fazendo meu carro funcionar normalmente justamente na hora em que 'reboquei' o mecânico de casa a sete da manhã para ir rebocar o carro que havia ficado na rua noite anterior. 

(Murphy tem um senso de humor muito peculiar.)

Não tendo compreendido que Murphy estava apenas me agradecendo a recepção que eu o dei, perdi o controle e desabei em lamurias e resmungos para cima dele... isso chateou Murphy a um ponto que ele achou que deveria expressar, e o fez.

Quarta-feira: Achei que Murphy tinha ido embora com nossa discussão no dia anterior, mas estava enganada e embora meu dia tenha sido tranquilo, ao cair a noite Murphy me acompanhou em um compromisso afetivo muito importante, e adivinha? Foi um desastre.

Quinta-feira: Esgotada demais para brigar com Murphy decidi fazer as pazes e meu dia foi ótimo...

Sexta-feira: Murphy começou a fazer a malas para partir, e como ele havia me acompanhado a semana toda, nada mais justo que ajuda-lo com isso 

(foi um momento em que lembrei da passagem sobre cultivar o jardim para que a borboleta venha e me vi como a borboleta do Murphy.). 

Eu e ele fomos até o guarda-roupa e reviramos lembranças e coisas que me trouxeram uma saudade vadia e inapropriada, mas que ao mesmo tempo foi ótima de ser sentida enquanto arrumávamos sua mala.

Sábado: Logo pela manhã tudo já indicava a partida de Murphy. Contudo, sempre muito espirituoso e grato, fiquei ainda com uma lembrança sua... uma tal de 'larva-migra' decorrente de um treino de handball que fui na terça-feira em uma quadra de areia e que pensava até então ter deixado Murphy em casa...

Esse 'troço' coça, queima, incomoda e pior...dá cria! O remédio, segundo os especialistascurandeirosdafamilia é gelo...e bem, esta chovendo muito e fazendo muito frio... mas como fui injusta com o 'humor-murphyano' anteriormente decidi aceitar a lembrancinha de bom grado e no domingo até fui na missa agradecer.

Tá, mas o que toda essa história tem a ver com compensação?

A verdade, é que foi graças a Murphy que em pleno domingo larguei a tela do computador para ir a praia curtir meu final de semana. Graças a Murphy na segunda-feira meu carro quebrou, e mesmo funcionando normalmente depois, despertou no mecânico a necessidade de revisão que por sua vez 'descobriu' um problema no freio (nada a ver com o problema apresentado no dia do prego) que em alta velocidade, na aquaplanagem da cidade nesses dias de chuva, me mataria facilmente. Graças a Murphy o meu compromisso foi um desastre na quarta e poucos dias depois descobrir que essa foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. Por ele também tive a oportunidade de sair com minha mãe na quinta para um programa light perto de casa e extremamente prazeroso...coisa que não fazia a muito tempo e que sem dúvida, estando com o carro, não teria acontecido, pois iria para baladas com os amigos. Foi por obra de Murphy ainda, que no sábado re-vivi lembranças que vinha escondendo de mim no fundo do 'guarda-roupa da alma' e descobri que elas já não eram feridas e sim cicatrizes, aprendizados... 

Mais importante que isso... graças a Murphy, no domingo eu fui agradecer (por ter sobrevivido a semana, confesso) e pedir cura para a tal mazela que atormenta meu pézinho, na igreja... e coincidentemente ou não, absolutamente TUDO que esteve presente na minha semana estava lá de uma forma ou de outra... tudo me levou até lá ... tudo que Murphy trouxe de maneira tão genuína me levou aquilo que nada mais é, que tudo: Deus.

Com esse 'testemunho' não pretendo converter ninguém nem muito menos torná-los pessoas conformistas diante das 'desgraças'. O que quero, é que vocês percebam o quão importante é não se deixar abater, ter senso de humor e fé para resolução de qualquer coisa. E que seja por mérito próprio, de Deus, o universo, a luz, energias, a ciência... TUDO tem um propósito BOM e maior que a nossa vã filosofia.
Agradecer sempre e em todo lugar até por nossos tormentos e empecilhos, pois são eles que nos mantém exatamente onde deveríamos estar.

Portanto meus caros, desejo-lhes muito gato preto, espelho quebrado, sandálias do avesso, não-sorte, Murphy, Murphy e Murphy.

Apreciem e vivam!