ERROR



A gente erra tantas vezes no percurso que mal difere o que foi certo e o que não foi. É como se por índole humana estivéssemos destinados a errar mais e mais, tentados a cair numa redundância infinita que só varia de errar, para o errar novamente.

Irremediavelmente - quantitativamente e qualitativamente falando -  quanto mais se erra, mais a gente tende, gosta e se especializa nisso. Tem muito mais haver com a resolução, do que com o fato em si. Tem haver com a sensação de acertar em pequenas doses, aquilo que surgia como sem solução, e pior, causado por nós.

A gente erra por omissão, excesso, causa, efeito, consequência, achismo, prevenção, justificativas, por sentimentos e até mesmo por coisas boas - como o amor, a amizade, a consideração, o respeito, relações e a vida.
Em absolutamente tudo que se faz, pensa, sente, tem e quer, há um erro inevitável esperando em algum lugar. Cedo ou tarde iremos cometê-lo. E se jogar nele, se afogar e lambuzar nele, mexer e remexer até engrossar... Até aquele ponto limite entre o que se tem concerto e o que "por ser irremediável, remediado está!".

De uma forma ou de outra, é tentando acertar que a gente quase sempre erra. Simplesmente por querer encher de perfeições desnecessárias aquilo -ou aquele- que por si só é suficiente e completo. Por tentar preencher obrigações que não são nossas, e corresponder a expectativas que nos diz respeito apenas em despertá-las, mas que em momento algum prometemos corresponder.

A gente erra por que acredita numa homogenização inexistente, onde tudo e todos serão exatamente como nós queremos que fossem, ao tempo em que nós seremos o que eles desejam de nós... mutualidade utópica.
A gente erra por desvalorizar o que é errado (como somos), e por desejar excessivamente um imaginário inalcançável . Erra por crescer a cada dia e nunca ser suficiente, nunca satisfazer.

Por nunca, nunca. Por sempre, sempre. Por tudo, tudo. Por nada, nada. Por essa "extremisse" difusa e desnecessária que nada mais é que uma rigidez com si próprio, uma não aceitação interna e individual de erros e defeitos tão particularmente nossos.

Mas acertamos também!
Acertamos nessa tentativa constante de concertar erros, supri-los, subistitui-los e superá-los. Acertamos a partir do momento que nosso inconformismo não nos deixa ser apenas errados, ainda que tenha sido tal inconformismo o principal desencadeador da maioria de nossos erros.
Acertamos principalmente por não estarmos sempre e em tudo certos, por que é exatamente isso que nos leva a crescer, desenvolver, evoluir e errar cada vez mais. Acertamos nos defeitos, falhas e no que momentaneamente não esta certo, mas se tornará dependendo de nós.

Encare como se os acertos fossem as placas sinalizadoras na estrada do nosso destino, e os erros, atalhos que nos levarão a ele de uma maneira ou de outra, cedo ou tarde. Rasgue os mapas que aparecerem, desconfie dos gps, e não aceite informações... depois se perca nos rumos incertos que certamente lhe levarão a algum lugar.

Boa sorte e sucesso.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Nosso visto K1,

Beijar a flor e provar o fel... ou o mel.

Dois mil e OUSE.