o(RG)anizar

O meu guarda roupa estava um caos.



Tinham milhões de bugigangas amontoadas indefinidamente, num compartimento que parecia ser minúsculo demais até para suportar só metade delas.

Resolvi que estava na hora de mexer naquilo tudo, e como se não houvesse amanhã disponibilizei-me totalmente a retirar cada coisa que estava ali - com todo cuidado para não danificá-las, claro.

Enquanto realizava esse processo, inevitavelmente reparei o quão aquele guarda-roupa refletia-me. Faço bem esse gênero: De minúsculo compartimento capaz de guardar e suportar infinitas coisas. Trago em mim detalhes, bobagens, historinhas, momentos, características mínimas que se amontoam cada vez mais e me preenchem. E por incrível que pareça, como se possui-se um buraco negro internamente - capaz de engolir tudo que vier até mim - eu nunca estou totalmente preenchida.

O meu guarda-roupa interno difere neste ponto do do meu quarto (ou talvez não.) Ele sempre cabe mais, sempre falta algo, sempre precisa de algo...ou até mesmo, tem algo demais que pode e deve ser substituído por o que esta por vir.

Além disso, as coisas retiradas do guarda-roupa do meu quarto - algumas delas- tornaram-se apenas lixo. Ao tempo em que retirando coisas de mim, elas se tornam vivências, aprendizados, experiências. Jamais são descartáveis, inutilizáveis... podem ser temporariamente esquecidas, e se por algum motivo qualquer eu resolva que de fato, o único destino delas é virar lixo, ainda assim, serão do tipo reciclável.

A verdade é que em ambas as situações, os guarda-roupas devem ser organizados constantemente. Não se pode viver de bagunça, mesmo que ela seja organizada (como alguns dizem por ai). A bagunça é divertida no começo, mas com o passar do tempo e o acumulo, ela se reverte em problemas, dificuldades, confusão...Sem mencionar, o mal-estar que passa a causar quando domina seu espaço físico e interno. 

Bagunçar é necessário, desde que saibamos limitar quando é relevante, e quando deve ser dispensado para manutenção da nossa qualidade de vida. 
E não, não é fácil definir este limite. Mais difícil ainda é organizar tudo, por que implica em mexer naquilo que esta adormecido, se expor ao desconhecido (você nunca sabe o que as coisas que estão no seu guarda-roupa se transformaram ou criaram em meio aquela bagunça - isso inclui mofo, tapurus e baratas, é!) e disponibilizar-se totalmente a fazê-lo, sem medo, preguiça ou preconceitos.

Em compensação, tudo isso lhe dará um rumo certo e definido, planejamentos organizados que lhe trarão facilidades e resultados futuramente, uma insubstituível sensação de renovação, recomeço, alívio e tranquilidade. Além de motivações e valores pessoais re-significados de forma indizível, pois só aquele que os possui e os transforma, sabe decifrar.

É claro que "Eu re-organizando, posso desorganizar. ", mas faz parte do processo mutável e inconstante que é a evolução do ser humano, o ciclo da vida e até mesmo a rotatividade de coisas que podem preencher um guarda-roupa. Portanto... Arrumem seus guarda-roupas, e entendam por si só que vale a pena.

Eu recomendo.

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