A Mãenografia.

Era uma monografia de 1998. 

Eu tinha oito anos quado ela foi feita, e mais parece que uma eternidade se passou desde então.

Suas páginas amareladas e sua formatação esquisita me fizeram sorrir - pensei nas diferenças entre essa exigência caótica que se é para escrever uma hoje em dia, e a simplicidade cheia de conteúdo daquela que parecia tão antiga (embora não o fosse tanto assim). Estava com uma encadernação feia, simplista, sem graça, e os seus desenhos/gráficos eram muito peculiares quando comparados a estes cheios de tecnologia que usamos atualmente.

Apenas um velho caderno jogado num fundo de um armário empoeirado, que não sendo pela minha condição de universitária em conclusão de curso, seria ignorado, despercebido, indiferente por toda uma vida... jamais despertaria minha curiosidade, atenção. 

Um armário qualquer, com um amontoado de papel qualquer, no meio de um entulho teórico qualquer (de uma época em que minhas maiores aventuras no universo da leitura eram clássicos resumidos e simplificados da literatura infantil), enfim, nada que me interessasse. Mas que num súbito inconsciente eu abri e peguei  um de seus exemplares, percebendo logo que a sua autora não era tão "qualquer" assim, aliás, na minha vida, de qualquer ela nada tem - a minha Mãe. 

Entreguei-me a contemplação totalmente implicada no que havia escrito ali, cuidadosamente apoderei-me de seus dados, e os compreendi com uma atenção e dedicação como se fossem meus mesmo. Ora, minha mãe já esteve nesse lugar que eu estou hoje, que curioso!

Li alguns trechos e procurei o significado de uma ou outra palavra que não se usa mais (pois é, tinha!), folheei, ri novamente dos tais gráficos e desenhos, e quando já estava preparada a começar o "bullying" com a minha mãe, me deparo com a página de dedicatória... lá estava eu.


Sabe mãe, eu ainda lembro da sua ausência - isso me faz perceber que nem tanto tempo assim se passou...as lembranças são fortes, intensas, marcantes, mas se por um segundo, naquela época, eu compreendesse o que estava acontecendo eu diria; Continue, você é uma guerreira! O que fica aqui é essa lição de vida e os poucos e bons momentos que podemos compartilhar juntas em meio a essa rotina atordoada que se leva. Obrigado por me ensinar isso mãe.


Eu só queria que você soubesse.

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