CHORE!
Voltando de uma solenidade dedicada ao meu avô (falecido) me deparo com uma cena atípica, meu pai - com um certo entalo na garganta e olhos marejados - me relata emocionado:
Estou ficando velho, não sou mais tão durão como antes.
Logo o homem do "homem não chora", se rendendo a intensidade dos sentimentos numa tentativa inútil de segurar cada lágrima como um pecado inaceitável para os "durões".
Ora, amado pai. Você que tanto me ensinou, não sabe? Não sabe que lágrima é expressão, conveniente a todo ser? Não sabe que choro é sentimento transbordando e direito daqueles que por necessidade o exibe? Será que tendo o senhor já desbravado tantas lutas, não poderia se permitir a tal paz? Chorar não é fraqueza, é virtude! (e dos guerreiros, dos heróis.)
É mostrar-se sem armas, amarras, expor-se, estar vulnerável sim, mas da maneira mais nobre e verdadeira que se pode estar - com a alma. Transbordar pelos olhos é como limpar nosso âmago, permitir-se a plenitude de extravasar, de 'humanizar-se'....
Poucos o fazem com sinceridade, contudo, tenho uma convicção íntima que quase todo mundo sabe da leveza que um choro pode trazer. Eu por exemplo, sou uma chorona convicta! Choro e choro muito, quase sempre, por quase tudo, porém, não sinto vergonha ou constrangimento de fazê-lo, francamente, pouquíssimas coisas me trazem a calmaria que o choro - seja ele de alegria, seja ele de tristeza, seja por um animal, por um desenho animado que seja - me traz... E se for de raiva então, é de uma eficácia impressionante!
É a calmaria do sentir, do 'sentir que sente" apesar da redundância, do pulsar, da alma incontida.
E se me permite a petulância de aconselha-lo meu pai, eu diria que chore!
Mas faça para valer, faça até o esgotamento, faça como se fosse uma dádiva, um milagre, por que afinal de contas, poder fazê-lo com franqueza - no mundo de hoje - é sim, uma das maiores graças que existe.
(E apenas os "durões" tem a dignidade para recebê-la.)
Bom choro. Sinceramente.
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