Resiliência



Eu poderia falar sobre as bobagens que vi pela internet hoje, ou sobre as besteiras de que me alimento todo dia e que detonam minha saúde. Poderia listar minhas milhares de doenças, problemas, angustias, ou mencionar certos elogios avessos que algumas pessoas insistentemente depositam em mim - aparentemente sem motivo.

Eu poderia reclamar do fato de que irei trabalhar no fim de semana, ou demonstrar toda a minha indignação com as injustiças e crueldades do mundo. Eu poderia resmungar mais uma vez da minha falta de atitude e inércia quando diz respeito as minhas coisas, ou do meu excesso de dedicação as coisas dos outros - ainda que eles não saibam valorizar isso. 

Eu poderia encher este blog com devaneios particulares e superficiais, ou submetê-los a ler lamúrias minhas (um ser humano tão real e de carne e osso quanto vocês.). Poderia contar histórias para dormir - considerando a hora - e poderia contar histórias de terror também considerando isso. 

Eu poderia expor meus romances, e falar sobre meus amigos. Debater algumas idéias, aceitar e implantar outras tantas.  Escrever poemas ou me entregar a Morfeu (Deus do sono) que quase sem perceber eu estou ignorando.

Eu poderia estar com minha família desfrutando daqueles momentos singulares de calor humano em que a gente simplesmente 'olha' para a TV e fica ali juntinho. Poderia não deixar algumas coisas acontecerem, e  poderia também fazer com que outras aconteçam.

Na verdade...Eu poderia muito , mas o que me interessa não é o 'futuro do pretérito'. 
É o que eu posso, o que eu faço, o que eu tenho e o que eu quero...o que de alguma forma torna-se-á o que pude num dia passado, e o que fiz com o que eu pude fazer. 

Afinal o que vai contar minha história e definir quem sou, não será  o que eu poderia ter feito, as situações propícias ou não, a realização de banalidades ou do mais fácil... mas o que fiz, como fiz, com o que tive para fazer quando deu para fazer. 

Enfim, não serão as linhas que escrevo no livro da vida (daquelas que posso apagar e colocar o que seria mais bonito, esperado, menos eu) que farão a diferença realmente...e sim, as histórias que vivi e construí para serem escritas nesse livro, e que embora sempre 'poderiam' ter sido feitas diferente - mais e melhor -, foram genuínas, autênticas e intensas em toda sua extensão... foram minhas e foram as que realmente valeram a pena.



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