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Mostrando postagens de 2017

Eu costumava falar muito mal do Brasil...

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At e eu sair dele.     Falava que o Brasil era um pais cheio de corrupcao, injustica, pobreza, poluicao. Clima dificil. Pessoas mais dificeis ainda. Analfabetismo. Crimes. Violencia. E tantos outros defeitos que nao sao fanstasiosos, mas que talvez naos sejam tao gritantes quanto nos, brasileiros, costumamos grita-los.   Eu falava mal do Brasil porque eu nunca tinha saido dele. Falava mal porque nunca tinha ouvido as historias de outros paises, as realidades tao ruins ou piores do que a que a gente acredita viver.     Falava mal do Brasil, porque nao fazia ideia de que na Tailandia, por exemplo, quando voce  é  jovem, voce nao pode sequer mencionar a palavra sexo. Literalmente. E que a unica educacao sexual que voce recebe  é  atraves de amigos da sua idade que tiveram pouca ou nenhuma instrucao como voce. Perguntar isso para um adulto esta fora de cogitacao. Desrespeitoso. Inaceitavel.     Falava mal do Brasil porque nunca desconfiei que na Bielorussia, o sistem

Linda, livre, leve e amada.

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Hoje eu fui livre.  E ser livre deve ser rotina. Pra mim costuma ser, mas hoje foi mais. Hoje foi daquela liberdade que a gente resplandece. Liberdade que acende a gente sabe? Fui livre para ser livre, fui livre para estar livre. Livre para dancar, para brincar, para me jogar e me perder de amarras e julgamentos. Daquelas liberdades que a gente ta se curtindo tanto que se desconecta do mundo. Meio que cega, meio que ensurdece e se deixa dirigir so pela sensacao. Meu marido, a pessoa que supostamente devia ser o primeiro a me prender, me deixava voar cada vez mais longe so com o brilho do olhar de admiracao. O que ele viu, como ele viu, nao tinha maldade, nao tinha social. Ele via com amor e quando a gente ama, a gente liberta so para poder ver o outro feliz e pleno.  Estavamos numa festa, eu, ele e mais um monte de gente que no fim eu nao deveria me importar com a opiniao por uma serie de razoes. Ele, como sempre, sentou e foi conversar. Eu, como sempre, fui dancar com as

Brazilidade

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Havia uma gringo entre as brasileiras.  A festa era brasileira. A comida era brasileira. A musica era brasileira e a danca tambem. As conversas eram brasileiras e o tom de voz dos convidados era mais brasileiro ainda. A risada? Brazileirissima! O gringo olhava para todos os lados, observava detalhes e comportamentos. Sua expressao estava num misto de estranhamento e fascinio. Como falavam aquelas pessoas. Como tem tanta energia. Tanta alegria. O barulho podia ser ensurdecedor para quem nao tem costume, mas ali, naquele ponto de observacao, barulho na verdade era de riso. Batucada era musica. Aquele mover desengoncado de corpos era danca e a particularidade do ritual todo, era lindo de se ver, era lindo de se fazer parte.  Os brasileiros sao um povo animado. Um povo sem vergonha de se divertir e quase sem pudor no que se refere a condutas sociais em festas. O conceito de classe e educacao la no Brasil  é  diferente do conceito de classe e educacao dos Estados Unidos e

Companheiro.

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  Quanto mais velha (e madura?) vou ficando, mais vou entendendo porque chamam o par romantico de companheiro(a)/parceiro(a). A nomenclatura nao so  é  literal, como faz muito sentido, especialmente na convivencia e com o passar do tempo.  Ser companheiro(a) significa " aquele que participa das ocupacoes, atividades, aventuras ou do destino de outra pessoa ", segundo o dicionario; E nao haveria definicao ou palavra melhor que descrevesse o nosso par, o nosso parceiro de vida.  Nosso pais (ou aqueles que nos criam) sao nossos companheiros tambem, principalmente nos nossos primeiros anos de vida. Eles que estao conosco, compartilhando, convivendo, crescendo e se transformando junto. Mas a gente cresce e comeca a entender que eles tem suas proprias vidas, e nos tambem temos e queremos a nossa, independente - sem se desligar completamente, mas sem tanta conexao como antes - . Saimos do ninho e com essa saida, mudamos as companhias.  Em seguida (ou durante), vem os nossos a

Aquele botaozinho.

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 Ja reparou como, independente do que voce faca ou quem voce seja, sempre tera alguem para te julgar ou ate mesmo te xingar?  Desenvolvi essa teoria na adolescencia e diferente da maioria das teorias que a gente desenvolve com os hormonios a flor da pele, essa foi uma das poucas que se confirmou com o passar dos anos: Nao importa o quanto voce tente seguir todas as regras e agradar todo mundo, voce sempre deixara alguem insatisfeito e esse(s) alguem(s) sempre ira(o) ver o pior de voce - ou criar algo ruim sobre voce.  Posso citar varios exemplos, pessoais ou nao.  Como uma amiga minha que  é  super gente boa, alto-astral, amigavel, bem-resolvida, feliz profissionalmente e no amor, mas fica ofuscada atras do rotulo de gorda que as pessoas colocam nela independente da consquista que ela fizer.  "Como aquela orca consegue isso e eu nao?"  "Uma gorda dessa, nao sei como consegue alguem que queira"  "Gorda sebosa!".   Ou um outro conhecid

O lugar para correr.

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Eu tinha 14 anos, talvez menos.   Os hormonios borbulhavam num temperamento que sempre foi questionador e o lugar que deveria ser meu refugio e a minha paz, tinha se tornado meu tormento. Era briga, discussao e exigencias o tempo todo. Era atrito, era convivencia forcada e um dia me peguei fugindo de la. Corri dali como uma insana. Descalca, descabelada, com a roupa que estava no corpo e nada mais. Corri sem rumo, sem certeza nenhuma de onde pararia. Corri e cheguei (por acaso?) a casa de uma parente. Molhada de suor, lagrimas e chuva. Exausta, entalada... Fui recebida e acolhida, mas no fundo sabia que nao era para estar ali entulhando os outros com os meus problemas. Descobri portanto, naquele dia, que a gente sempre precisa de um lugar para correr. Um lugar para restaurar a paz, a sanidade, a respiracao. Um lugar que seja nosso, so nosso.  Diferente de casa, diferente de familia, diferente de lar. Esse lugar tambem  è  abrigo, mas  è  abrigo particular. E nao precisa ser fi

Mulher de vida perfeita.

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Acordei as 7:00. Alias, venho acordando nesse horario de domingo a domingo. Sono ta acumulado de pelo menos umas 3 semanas atras. Nada demais. Tanta gente que acorda mais cedo e nao se importa mais.   O cliente comecou a chamar as 6:30 da manha cheio de requisicoes. Trabalho em casa, entao me dei ao "luxo" de poder ignora-lo ate as 7:00. Levantei, fiz aquele xixi rapidao e ainda despenteada, sem escovar os dentes, ja comecei a rotina insana que tem sido minha jornada. Corre pro escritorio, libera as coisas do cliente. Prepara cafe, meu, do marido, dos 'filhos'. Todo mundo ok? Entao ta. Corre para limpar a casa, ainda tenho 30 minutos para fazer uma faxina e deixar tudo apresentavel para a proxima reuniao. Trabalhar em casa  é  assim mesmo, n é ? Faxina feita, faltavam quatro minutos para chegarem. Mensagem recebida que estao chegando, corre escovar esses dentes e pelo menos amarrar esse cabelo. Chegaram.  Uma hora de reuniao, mais uma hora de tentativas alterna

Nua e crua.

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 Batemos essa foto ontem. Era um momento feliz, cheio de amor, alegria e tranquilidade, pensei que seria um bom registro e tudo parecia lindo para uma foto. Fiquei feliz com a ideia, fiquei feliz com a acao, fiquei feliz ate fazendo pose ao lado dele. Fiquei feliz 90% do processo, ate que fui conferir o resultado...    "Talvez se eu retoca-la, photoshopa-la. Limpar essas estrias. Diminuir a cintura, reduzir culotes e suavizar a bunda. Talvez se as medidas fossem menores, a felicidade aparecesse mais. Talvez se eu fosse mais magra, mais nova, mais saudavel. Talvez..." E a chuva de talvez comecou a me incomodar, reduzir a importancia de todas as certezas que estavam ali: A uniao da familia. A plenitude de uma vida vivida sem ficar se regulando, se lamentando, se questionando. O amor solido e respeitoso que temos um pelo outro - e pelas nossas gordurinhas e estrias e cabelos brancos ou falta dele.    Essa chuva de talvez me fez esquecer por um momento de que cada ma

Almost Class

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 Carpaccio  é  o nome do prato que desencadeou o post. Hostess o nome da profissao da cidada de cara amarrada que nos encarou na entrada do restaurante como se fossemos indignos de estar ali, mesmo sendo hospedes do hotel e quem esta pagando o salario dela. Por ultimo, para compensar, cremee brulee, o nome de uma das unicas coisas que se salva desse universo frescurebes que me entope de ansia (sim, pq de comida  é  que nao  é , considerando o tamanho das porcoes da comida "dos ricos") e que embora eu tenha condicoes de participar, nao faco questao nenhuma.  Tudo comecou a alguns anos atras, quando no dia do meu noivado, meu noivo, hoje marido, fez questao de reservar  uma mesa num dos restaurantes mais caros da cidade para celebrarmos. Chegamos la e de cara ja fomos encarados dos pes a cabeca por esse tal de hostess  (isso pq estavamos arrumadissimos para a ocasiao, eu de longo, ele de gravata). Sei la, talvez  "essa gente" so tem cara de sebosinho mesmo.  Tin

A pessoa do "bora".

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...seja essa pessoa.  A pessoa que topa todos os tipos passeios, roles ou ate mesmo fazer nada com aqueles que ama. A pessoa que nao esta interessada se vai passear nas gringas ou comer no bauruzao da esquina. A pessoa que se permite novas experiencias, ainda que fora de sua zona de conforto (mas sempre respeitando seus limites), e esta aberta a conhecer lugares e pessoas diferentes dela - ou diferentes como ela.  A pessoa do bora nao se abala com clima - nem de tempo, nem de relacoes. Essa pessoa desfruta a experiencia, a aventura, o compartilhar. Ela  é  a personificacao da frase "topa qualquer parada" e a unica lei que a rege  é  a de ser feliz e de respeitar-se. Se tem convite e condicoes de fazer, ela vai. Se ta dentro das suas regras pessoais, ela vai. Se for interessante, divertido e especialmente com gente querida, ela vai!   Conheco poucas pessoas do bora nessa vida, mas tenho elas como um exemplo perfeito do que idealizo ser. Sao pessoas alto-astral,

O que ninguem te conta sobre """enriquecer""".

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 Nessa vida, com alguma sorte (ou talvez merecimento), voce vai encontrar pessoas que te darao apoio, nem que seja moral, quando voce estiver mal, doente ou pobre. Essas pessoas sao seus amigos ou familiares e estao (quase) sempre dispostas para te oferecer um ombro amigo, uma palavra de apoio e ate mesmo algum suporte material que te ajude a sair da crise em que se encontra. Simplesmente  é  maravilhoso e um privilegio de poucos ter alguem assim na vida, mas estarao elas preparadas tambem para o seu sucesso?   Infelizmente a nossa condicao humana nos faz pensar (quase) sempre em nos mesmos em detrimento dos outros e isso tambem se aplica aos casos em que os nossos amigos e parentes comecam a progredir. Fica muito dificil torcer por alguem quando nos vemos em situacao """pior""" que aquela pessoa. Mesmo que gostemos muito desse alguem. Como nao se perguntar "por que ele?" "O que ela tem para merecer que eu nao tenho?" "Por que e

Ja tomou seu banho hoje?

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Chego a conclusao de que a vida é uma eterna escolha entre entrar em um banho frio ou sair de um banho quente. A gente nunca se sente prepaparado para nenhum dos dois. O processo é gradativo, porque a mbos afetam nossa zona de conforto. Ambos tem suas desvantagens e sua vantagens. Entrar num banho frio pode ser maravilhoso para quem esta num ambiente de muito calor, sair de um banho quente pode ser necessario para quem esta se sentindo muito letargico. O choque de temperatura nem sempre sera facil ou bem-vindo. Muitas vezes, a gente pensa que sabe o que precisa, ou que nao vai suportar o que a vida esta nos dando, mas acaba aproveitando o que chegou. Desfrutando da limpeza revigorante que so a agua gelada pode dar, ou da calmaria necessaria que a agua quente traz. A verdade é que a temperatura da agua (o decorrer da vida) so vai "machucar" quando a gente nao aprende a (se) adaptar a temperatura do nosso corpo ao que nos for oferecido e a desfrutar

Don(a) Juan(a)

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Voce ja deu em cima do seu parceiro (marido, namorado, noivo, peguete) hoje?  Flerto com o meu todos os dias. Ate diria que  é  como um ritual, nao fosse o detalhe de que rituais sao feitos no automatico, e esse nao é  o caso. Quando dou em cima do meu marido, faco isso porque sinto vontade, e sim, todos os dias, seja em situacoes atipicas ou banais, ele desperta isso em mim em algum momento, mesmo sem saber, mesmo sem querer. Volto da faculdade que esta cheia de caras jovens, atletas e bonitoes; Saio da internet onde encontro milhares de artistas e celebridades surreais em suas belezas exteriores e (aparentemente) interiores; Esbarro por ai com caras que mais parecem modelos e ate escuto amigas exaltarem seus homens bonitoes, inteligentoes, ricoes, mas  nao sinto vontade nenhuma de estar com eles, nem mesmo ir ate qualquer um e lembra-los o quanto eles sao lindos, especiais, o quanto eles sao amados. Para essa vontade existir,  é  preciso muito mais que atracao, muito mais que

Pra cada mal existe o bem.

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Como a maioria sabe, trabalho com cachorros. Tenho frequentemente em minha casa varios deles, de varias idades, tamanhos e personalidades. Alguns sao realmente muito tranquilos e a vizinhanca so sabe que eles estao la porque passeamos no final da tarde e os vizinhos os veem. Outros, por sua vez, latem, correm, brincam, tentam pular nas pessoas pra cumprimenta-las quando estamos na rua e nao é dificil, principalmente para os vizinhos que sao colados a minha casa, saberem que eles estao hospedados comigo. De todo modo, a um ano sendo dog sitter, TODOS os meus hospedes, incluindo meus dois proprios animais de estimacao, tem uma caracteristica em comum: sao sociaveis e amigaveis. Por questao de seguranca, minha, dos demais clientes e das pessoas, a regra é clara: So aceitamos cachorros sem historico nenhum de agressividade e, ainda assim, apos um primeiro encontro para comprovarmos pessoalmente que eles irao funcionar bem com os demais. Nunca havia tido problema nenhum por causa d

As vezes uma coisa é so um coisa.

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Quando quebrei a minha mao, tive que explicar detalhadamente a um monte de gente como isso aconteceu, porque, voce sabe n é? Lesoes corporais podem representar violencia domestica. Quando as pessoas reparam que tenho band aid nos meus dedos, tenho que explicar que faco isso para evitar roer as unhas, porque, voce sabe n é? Dedos machucados podem indicar uso de drogas. Quando eu fico calada, visto que sou uma pessoa falante, sempre é importante reforcar o motivo, mesmo que seja uma amenidade qualquer como estar com sono, porque, voce sabe n é? Ficar calada assim é sinal de depressao. Do mesmo modo, quando estou hiperativa e falante demais, pelo simples fato de ser essa a minha personalidade, preciso me conter, porque, voce sabe n é? "Rir de tudo é desespero". [...] Num mundo de psicanalises e subconscientes, de sindromes e pseudo-repressao, raramente a gente percebe que as coisas podem ser mais simples do que costumamos significar: Um sorriso

"Tenha coragem e seja gentil."

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   Estive no supermercado no comeco da semana realizando um procedimento. A funcionaria que me atendeu, uma senhora, embora ja cansada do dia de trabalho, foi extremamente paciente pra entender meu ingles e me ajudar a fazer o que tinha que ser feito. Eu, da mesma maneira, fui o mais gentil, educada e calma possivel para me fazer entender, alem de respeitar o fato de que ela nao tinha tanta agilidade e habilidade pra realizar o procedimento como os funcionarios mais experientes ou mais jovens. Fomos, as duas, dentro das nossas limitacoes, realizando passo-a-passo e instruindo uma a outra ate conseguirmos terminar. Com tudo feito, agradeci, dei boa noite e voltei pra casa.  A semana passou, o procedimento realizado na segunda apresentou um erro e eu so consegui voltar la hoje pra concertar.  - Boa tarde, estive aqui na segunda feira pra realizar esse pagamento, mas ele esta dando erro...  - A senhora tem o recibo? - questionou a moca do caixa. - Sim, aqui esta. (silenc