Estava no meu quarto quando escutei o murmuro de dó vindo lá da cozinha: - Aaaaw, um beija-flor. Era minha mãe pontuando aquele hóspede inesperado no nosso apartamento, inesperado e desesperado, vale salientar. O pobre pássaro estava em uma agonia de dar dó mesmo, se debatendo em meio a luminária, desesperado para sair dali e acuado demais para fazê-lo, começou então a operação resgate daquele serzinho para que ele voltasse a beijar suas flores lá em baixo, no jardim, imaculado, inteiro, sem machucados... Mas como lidar com uma criatura tão miúda e tão aparentemente frágil? O mundo é demasiado bruto e grande para algo tão delicado, ainda assim ele existe e estava ali com o destino na mão desse mesmo mundo. Bolei planos com minha mãe para podermos capturá-lo sem causar-lhe nenhum dano e começou aquele corre, sobe, desce, pega, larga, voa, cai no meio da nossa cozinha... O beija-flor parecia não entender que não estávamos tentando lhe fazer mal, e nem poderia, quantas pessoas re
Mamãe costuma dizer que vim ao mundo para fazê-la pagar seus pecados. Quando bebê - segundo ela - eu costumava ser tranquila, facilmente intertível e acalmada. Nunca fui de dar muito escândalo, chorar, fazer birra ou coisas do tipo. Com o tempo é que fui tomando uma forma distorcida, se distanciando do que se espera num padrão de filha perfeita. Tornei-me uma criança sapeca, elétrica, com energia para dar e vender revertida em trabalho para os pais. Era daquela menina extremamente sincera, que falava demais o que deveria-se escutar de menos. Que brigava demais pelo o que todos deveriam aceitar de menos, mas aceitavam. Que berrava, causava, esganava aquilo, ou aquele que julgava incorreto, feio, mal. Que teve suas infantilidades, rebeldias e como esquecer... que decepcionou também. Da filha que 'num se cria' e que só 'quem não conhece que compre." Fui uma adolescente esquisita, cheia de conflitos internos, conspirações universais, rebeldia sem causa, estranh
- Imagine comer feijão todo dia. - Bom, você não pode ter uma plantação de feijão e esperar comer arroz. - E se eu quiser mais que feijão? - Então alugue plantações ao invés de ter uma... você pode alugar várias plantações de várias coisas. - Se eu posso comer de tudo, por que vou comprar uma plantação de feijão então? - Você não compra uma plantação ... você cultiva uma. E sim, tem razão, alugar é bem mais fácil e variado... - Então você é a favor que eu alugue várias plantações? - Claro, mas isso inclui a de feijão. E fique sabendo que inquilino não é proprietário, logo, em épocas que você não cuidar/usar a plantação de feijão, sempre haverá outros interessados em aluga-la e poderão fazê-lo. - Mas eu quero que a plantação de feijão seja minha. - Mas você não quer ela todos os dias, ou quer? - ...Imagine comer feijão todo dia... - Pois bem... cada inquilino come um dia então. - E se eu quiser ter mais de uma plantação ao invés de alugar? - Veja bem, plantações despendem
Comentários
Postar um comentário