Cigana


Eu sou do mundo, sempre fui. 

  Lembro das inumeras vezes em que a minha mae reclamou que eu nao parava em casa, foi assim desde pequena. Lembro das minhas caminhadas, dos meus passeios. Dos meus impulsos que respondem ao vento quando ele me chama. Lembro das vezes que acharam graca por eu estar sempre andando por ai e de todas as outras em que eu achei graca na vida por me permitir faze-lo. 
 Lembro de uma frase que sem nunca entender muito bem o motivo, me marca ate hoje, "Os ciganos nao sobrevivem entre quatro paredes."
  E nao sabendo se é a frase que nao se aplica apenas aos ciganos, ou se a cigana sou eu, tomo como verdade a intencao que essa frase representa. Nao sobrevivo mesmo onde existe demarcacao de territorio que eu posso ocupar. Nao aguento prisao. Nao suporto poda.  Perco o ar se a porta de casa nao estiver aberta para eu ir e vir, mesmo eu querendo estar ali para sempre. Vou quando quero, mas nunca deixo de voltar para onde sinto que pertenco. Sigo o sol, a lua, o mar, o mato e deixo que o ar e as aguas embalem meus passos nesse mundo afora. Gosto de sair, conhecer, explorar, experimentar. Gosto de voar com minhas asas e quebrar fronteiras. Gosto de ter opcoes, e mais que isso, gosto de poder decidir. Alias, decidir sempre me foi tao vital quanto respirar. Decidir o que quero e o que nao quero. Onde vou. Meus motivos, minhas limitacoes. Decidir quem vai comigo e o que ou quem eu busco.
O mundo e meu e eu sou do mundo.

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