2020

Esse ano que se encerra hoje foi um ano de muita provacao, muita morte, muito trabalho arduo de plantacao de sementes que nem sabemos se, e quando, iremos colher. (Sobre)vivemos 2019 com muita luta, garra e uma fe inabalavel de que amanha vira e sera bem melhor. Estamos prontos e esperancosos para a nova decada que se inicia amanha, mas me permito viver o ultimo cliche de reflexao de fim de ano, para compartilhar com voces a maior licao que esse ano me deu, em uma pequena cronica que conto a seguir:

Era um fim de semana de sol, na cidade do sol. Nada de novo sob o sol. 
Ouvimos falar sobre um lual que um artista independente faria gratuitamente na beira da praia, e como bons amantes de cultura (e gratuidade) que somos, fomos, em bando, assistir. 
O dia estava lindo, o mar estava calmo, e a bencao da brisa leve com cheiro de lar da cidade estava incrivel como sempre. O cantor organizou seus instrumentos e comecou sua apresentacao. Entre classicos nacionais novos e antigos, entre amigos e conhecidos que se sintonizavam num coro cantante, uma cena chamou a atencao de todos: Cambaleante, um homem de meia idade, contendo em seu sangue um teor alcoolico claramente muito maior do que seu pequeno e magricelo corpo podia suportar, levantou-se em meio as palmas e cantoria dos que assistiam o show sentados tranquilamente e se aproximou do chapeu que o cantor havia colocado no chao. No chapeu estavam alguns trocados deixados por quem quisesse pretigiar financeiramente aquela arte. O senhor, meio de pe e mais do que caido, baixou-se com imensa dificuldade e colocou a mao no chapeu. Tirou dali um bolo de dinheiro, contou, colocou no seu bolso e saiu "andando". Os telespectadores, sem saber como reagir, ou mesmo os que quiseram reagir, foram contidos por um artista real, que permaneceu na calmaria de sua arte, contendo a aflicao de quem assistia. A partir dai, a magia aconteceu... O chapeu que deveria ter seus pouco mais de 50 reais, comecou a se abarrotar de dinheiro. A maioria dos que assistiram a cena lamentavel, usaram sua indignacao para o bem e focaram a energia nao em rebater o mal, mas em transformar aquilo em licao, em algo bom. Pouco a pouco, o chapeu se enchia, e os cinquenta viraram 100, 200, 300, sabe-se la quanto mais. O bem daquele artista, foi retribuido com o bem e de repente, a cidade do sol parecia ate mais quente, so que dessa vez, de calor humano.

Artista Alan Persa, Ponta Negra - RN/Brasil

E e isso que 2019 me ensinou ate mesmo em sua ultima semana de existencia: 
Foca no bem, pague com o bem! O mal, por si so, se destroi. Voce nao precisa atingir a santificacao e amar seus inimigos se nao estiver preparado para isso ainda, mas pelo menos, nao revide, nao deseje o mal. Jogue ao universo que se encarregara de tudo e siga seu caminho sem macular sua alma pelo o que nao vale. Seja luz, distribua luz e receba, sem exigir, sem esperar, "o reflexo onde se deve refletir a vossa imagem" como diz certa oracao.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Beijar a flor e provar o fel... ou o mel.

InsanTidade.

Parábola do feijão.