O vôo da borboleta

Deixem-me voar. 

Deixem-me só por uma vez, sentir o vento em minhas asas, a brisa em minha pele, o leve toque natural no meu corpo.

Deixem-me voar. 

Já passou da hora de sair desse casulo onde eu nunca deveria ter entrado. 

Já passou da hora de crescer, de sentir as minhas próprias emoções e de quem sabe... Viver a minha própria vida. 

Me abrir para as descobertas, para a liberdade.

Conhecer cada cantinho desse mundão. Enfrentar cada barreira que me impuserem, saborear cada polem que possa existir e cada mérito que eu conquistar.

Lutar sem limites contra todos os meus predadores, e mesmo tão frágil, tão pequena, descobrir que sou capaz das maiores façanhas imagináveis... Só me basta querer.

Refletir-me na transparência dos lagos e perceber-me, respeitar-me e descobrir o quão grande é a beleza que deus pôs em mim e como eu sou bonita... 

Com minhas longas asas coloridas, cheia de riscos e detalhes sinuosos. Até agora ocultos dentro de uma casca.

Fazer novos amigos nesse enorme jardim da vida, novas experiências a cada flor e me completar a cada novo dia que eu viver. 

E mesmo ao ser trancada novamente, atordoada,

Eu possa morrer na minha solidão, na certeza que descobri tudo o que há de bom nessa vida, tudo que possa existir de mais maravilhoso na criação divina...

E que possa, já na minha beleza destruída, no meu pequeno coração parando e na magnitude da natureza se apagando diante dos meus olhos... Dizer num ultimo suspiro... Eu vivi.

Por isso... Apenas deixem-me voar.